quarta-feira, 6 de julho de 2011

Visão de um secretário de escola

Vou compartilhar com vocês o e-mail que recebi de uma colega, com o qual concordo e faço minhas as palavras dela.

"Gostaria de manifestar meu apoio às novas medidas e dar minha contribuição para o debate.
Hoje a secretaria dá suporte ao diretor, ao professor, à diretoria, comunidade e outros.  Com as mudanças estamos também prevendo um aumento substancial nas tarefas que serão concentradas na secretaria, mas também haverá novas contratações.
O problema será definir em algumas situações o que é efetivamente pedagógico e o que é administrativo, pois as duas posições se misturam e se complementam. Atribuição de aula é administrativo, no que se refere a registros, mas organiza o pedagógico; falta de professor é RH (administrativo), mas interfere no  pedagógico; quadro de horário é administrativo, mas organiza o pedagógico, freqüência, boletins, resultados, digitação, gdae é administrativo mas dá suporte e orienta o pedagógico. Então um lado não caminha sem o outro e como algumas atividades são  complexas e misturadas vira um jogo de empurra, ninguém quer fazer, como o horário e  a atribuição inicial, por exemplo, que se for feito errado causa muitos problemas na rotina da escola e na vida do professor.
A criação da infraestrutura para que o pedagógico aconteça é puramente administrativa e nessa linha de pensamento 70% dos trabalhos de uma escola são administrativos os outros 30% estão concentrados na dinâmica do ato pedagógico que acontece na relação professor- aluno e na qualidade da mesma.  Então como empresa que somos se não for feito um estudo sério das necessidades e condições da secretaria para
absorver uma nova carga de trabalho vamos continuar deixando a desejar com ou sem gerente.  Como administradora eu já fui extinta, pois sou um operacional sem tempo nem condições para administrar/organizar e todos exercem pressão, ou porque é $, direitos, correções, ou situações críticas que exigem respostas rápidas num sistema onde uma boa parte do trabalho ainda é manual. Tudo exige pesquisas, tempo, dedicação, montagem de processos: Livro ponto, contagem de tempo, evolução, município, estado, efetivo, ofa, cargos 1 e 2, designações, qüinqüênios, acúmulos, licenças, pulp, puct, matrículas, atas, declarações, digitações e outros.  É sempre um volume maior do que conseguimos dar conta.  Se continuarmos nessa rotina cada professor vai precisar de um secretário particular e, francamente, já somos tratados assim por alguns.
 Para se concentrar todos os atos administrativos na secretaria é necessário um aumento significativo da mão de obra operacional porque não existe qualidade que resista a excesso de trabalho, nem computador suporta sobrecarga, e é assim mesmo que nos sentimos principalmente quando são criados novos programas, novas demandas e não existe sequer um estudo para saber a viabilidade, se a secretaria comporta, se existe pessoal habilitado, se o quadro de funcionários está adequado.
Manutenção do prédio, prestação de contas, patrimônio, arquivo, segurança, alimentos, etc., tudo isso é também administrativo e numa empresa tem sempre gente preparada e em quantidade suficiente para cuidar de todas essas demandas o que não é o caso das escolas públicas em geral. O que observamos de fato é uma cultura de privilegiar o pedagógico em detrimento do administrativo, basta observar o estado de abandono da nossa diretoria de ensino, por exemplo, que é um órgão exclusivamente administrativo. Na minha escola nós temos 7 pessoas para administrar o pedagógico contra 6 para o administrativo.  São 3 pessoas para cuidar de alunos e 3 para cuidar de professores incluindo o secretário, para uma clientela de 1500, entre professores e alunos, fora comunidade e diretoria.
E já que é para separar o que é administrativo do que é pedagógico. Os professores deveriam assinar os históricos, pois este é o produto final do trabalho deles e não do secretário. É como diz o ditado “quem assina se compromete”. "

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